Helena Bertho, da Nubank, destaca a importância do realismo e do pensamento crítico na inovação
Na Gramado Summit de 2024, realizada de 10 a 12 de abril no Serra Park, em Gramado (RS), Helena Bertho, diretora de diversidade e inclusão da Nubank, não ofereceu uma fórmula pronta para a inovação, mas sim um convite à reflexão. Em sua palestra, Bertho questionou os presentes sobre diversos aspectos de suas vidas cotidianas para ilustrar a disparidade existente na sociedade brasileira e a pequena fração de pessoas que desfruta de certos privilégios, pontuando que apenas 2,34% dos brasileiros podem afirmar ter um estilo de vida considerado privilegiado.
Com base nessa perspectiva, ela desafiou os líderes de mercado a considerarem o contexto brasileiro ao discutir inovação, enfatizando que as soluções inovadoras devem atender às necessidades reais da população. Bertho destacou que a inovação verdadeira busca solucionar problemas concretos e questionou como se pode inovar considerando apenas a realidade de uma parcela tão pequena da população.
Ela também ressaltou a importância do senso de realidade, citando um estudo da Oxford em parceria com o Datafolha que revela uma discrepância entre a percepção e a realidade econômica dos brasileiros. A maioria dos participantes do estudo superestima sua proximidade com a pobreza, enquanto na realidade, uma parcela significativa tem renda acima da média nacional.
Adicionalmente, Bertho abordou o senso crítico necessário ao mercado, criticando as estratégias de marketing do passado que não se alinham mais com as expectativas atuais dos consumidores. Hoje, argumenta, é essencial envolver as pessoas em diálogos significativos, em vez de simplesmente impor mensagens ou produtos.
A diretora da Nubank enfatizou a essencialidade das pessoas na inovação, argumentando que a tecnologia é apenas um meio para atingir uma cultura inovadora que, efetivamente, leve em consideração a diversidade de perspectivas e experiências.
Finalizando sua participação, Bertho chamou a atenção para a responsabilidade coletiva no processo de inovação, questionando as intenções por trás do desejo de inovar. Para ela, os avanços tecnológicos devem visar a criação de um mundo mais igualitário e acessível a todos, caso contrário, tais esforços serão insustentáveis a médio e longo prazo.
A palestra de Helena Bertho na Gramado Summit 2024 ressoa como um lembrete oportuno da necessidade de ancorar a inovação na realidade brasileira, promovendo soluções que não apenas sejam tecnicamente avançadas, mas também socialmente relevantes e inclusivas.